The Crow

"Pessoas acreditavam que quando alguém morria um corvo carregava a alma para a terra dos  mortos. E às vezes, só as vezes o corvo pode trazer a alma de volta para consertar as coisas, o direito de coisas."

 

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A HISTÓRIA DO HORROR ATRAVÉS DOS TEMPOS

O Horror se confunde com a própria origem da sétima arte.
você vai poder acompanhar a
evolução do gênero através dos tempos.

Gabinete do Dr. Caligari

Dirigido por Robert Wiene em 1919, O Gabinete do Dr. Caligari é considerado o primeiro filmes de horror realizado. O filme é puro expressionismo alemão: sua cenografia e e seu visual são extremamente arrojados, a ambientação fantástica e surreal, a história misturando sonhos alucinantes com a loucura dos homens. O estilo gótico nunca visto na época, impressionou as platéias de todo o mundo. Esta obra-prima do horror praticamente ditou as regras para o gênero e é obrigatório para qualquer fã. Até rendeu música de rock no Brasil, interpretada pela banda Dr. Silvana.

 

Neste mesmo período, o inglês Bram Stocker fazia sucesso nas livrarias com uma certa obra sobre vampiros, escrito no século XIX. Não demorou muito para Frederich W. Murnau levar as telas a primeira de muitas das adaptções de Drácula. Aqui, o conde se chama Orlok e a história se passa em Bremen, principado de Londres. Nosferatu, Uma Sinfonia de Horror , fiel por demais ao livro, acabou gerando problemas de direitos autorais na época. O conde era interpretado por Max Schreck, um ator de teatro famoso na Alemanha, que deu ao personagem um ar angustiado e trejeitos caricatos. Em 1992, Tim Burton homenageou Max em Batman - O Retorno, batizando o vilão do filme com o seu nome. Nosferatu

 

Bela Lugosi Realizado dez anos mais tarde, Drácula de Tod Browning, deu ao personagem menos trejeitos e um forte sotaque hungáro, na pele de Bela Lugosi. O ator que terminou sua vida fazendo filmes "B" ao lado de Ed Wood, teve aqui sua fase gloriosa ao interpretar o conde, sempre vestido como um aristocráta, carregando um item que seria marca registrada do vampiro dali pra frente: a capa preta. Lugosi imortalizou o mito interpretando-o em outras obras inferiores mas não menos interessantes, como A Filha de Drácula, um caça-niqueis do estúdio com um roteiro sem qualquer ligação com o clássico de 1932. Curiosidade: antes de fazer o filme, Lugosi já havia sido consagrado nos palcos da Broadway, interpretando o vampiro numa peça teatral homônima em 1927.

 

Pouco antes de Drácula, outro grande clássico da literatura de horror invadiu as telas. Em 1931 James Whale dirigiu Frankenstein, numa versão simplificada do best-seller de Mary Shelley. Bastante influenciado pelo expressionismo alemão, especialmente na fotografia e no modo de interpretar do até então novato Boris Karloff, o filme chocou os espectadores ao contar a história de um cientista maluco que quer ser Deus. O aspecto do monstro criado pelo maquilador Jack Pierce serviu de base para todas as quase que 20 sequências que o filme inspirou e, dentre elas, A Noiva de Frankenstein é a única que merece algum destaque. Frankenstein

 

The Wolf Man A década de 40, foi a menos produtiva para o cinema de horror (a Segunda Guerra Mundial era pior que qualquer filme). O estúdio Universal continuava produzindo sequências na linha de seus sucessos como O Homem Lobo (41), e O Castelo de Drácula (45). O maior nome desta época era Val Lewton e seus filmes produzidos para a RKO. O diretor produzia filmes sutis, assustando mais pelo clima e a história do que por apresentar monstruosidades. Entre eles A Marca da Pantera, dirigido em 1942 por Jacques Tourneur e A Ilha dos Mortos de Mark Robson merecem atenção.

 

Os anos 50 e 60 foram a época dourada do horror. Frankensteins, Dráculas, Lobisomens e Múmias invadiram os cinemas: produzidos na Inglaterra pelos estúdios Hammer, clássicos e suas continuações foram recriados para uma nova geração, trazendo novos elementos para o gênero. O primeiro sucesso veio com O Horror de Drácula, dirigido por Terence Fisher, trazendo no papel do vampiro Christopher Lee e Peter Cushing como o caçador do monstro. Depois vieram A Vingança de Frankenstein, A Múmia e O Cão dos Baskervilles, baseado num conto de Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes. Neste período Lee tornou-se tão célebre quanto Lugosi interpretando o conde da Transilvânia; seu olhar demoníaco e seus 1,90 m de altura tornaram o vampiro uma figura extremamente ameaçadora, longe dos tipos "ingênuos" dos anos 20/30. Christopher Lee

 

A Mascara do Demônio Enquanto a Inglaterra invadia o planeta com suas produções "B" de horror, outros diretores realizavam obras de igual valor histórico para o gênero. Na Itália Mario Bava criava suas próprias histórias assombrosas: A Máscara do Demônio foi a maior bilheteria de 1960 em seu país e revelou ao mundo Barbara Steele, uma inglesa que se tornou figura símbolo do gênero. Seguindo o seu sucesso vieram Ricardo Freda com O Fantasma em 1963 e Antonio Margheriti com Castelo do Terror em 1964, ambos também estrelados por Steele. Enquanto isso, na Ámerica, o diretor Herschel Gordon Lewis, aterrorizava os drive-ins com seu filme Banquete de Sangue (63), o primeiro a mostrar sangues e mutilações explicitamente e em cores.

 

Paralelo as produções americanas e italianas, Roger Corman dirigia e produzia sua famosa série de adaptações de contos de Edgar Allan Poe. Entre eles: A Casa de Usher (60) e A Mansão do Terror (61), ambos estrelados por Vincent Price, outro que virou figurinha carimbada em filmes de terror. Os filmes de Corman se diferenciavam dos demais por apresentar as vezes uma temática intelectualizada dentro de uma produção tipicamente B. Os cenários eram castelos e masmorras, os personagens pareciam saidos de folhetins shakespeareanos. Assistindo A Máscara da Morte e A Tumba de Ligea, ambos de 1964, percebe-se o intuito do diretor em se passar por um espécie de Fellini do cine-fantástico. Vincent Price

 


 

TRASH: O LUXO DO LIXO

Neste fim de século, a pobreza espiritual e existencial da indústria cultural fez crescer
a lixocultura. Uma rebeldia sem bandeiras, cheia de esquisitices com o único
objetivo de entretenimento superficial. Os trashes possuem vários
pontos em comum. Todos eles, em sua maioria, são rodados
com um orçamento minguado, pouquíssimos recursos
visuais e roteiros muito inventivos.

Trash, sleeze, schlock, exploitation, bad movie, classe "B", há muitos nomes para estes filmes de argumento improvável, péssima interpretação e técnica medíocre. A primeira onda de trash movies concentrava-se sobre as fraquezas e vícios humanos. Em 1913, um relatório governamental sobre prostituição inspirou um ciclo de grandes consequências para a história do cinema. Seu mais famoso produto, Traffic in Souls, custou menos de US$ 10 mil e embolsou um quarto de milhão. Foi o primeiro sucesso da Universal, supostamente realizado em segredo porque Carl Laemme, o proprietário, não gostava de temas "desagradáveis". Dois anos depois, com o dinheiro desse filminho, Laemme inaugurou a sua Universal City sobre um terreno de 230 acres.

 

A Marca da Pantera Nos anos 40, os filmes classudos da RKO estavam dando altos prejuízos. Após as mudanças de cúpula em 1942, o diretor e produtor Val Lewton recebeu a incubência de realizar uma série de filmes de horror que não excedessem o orçamento de 150 mil dólares, não levassem mais de três semanas para ser filmados e não ultrapassem os 70 minutos de projeção. A primeira produção da unidade de Lewton, A Marca da Pantera, rendeu 3 milhões e salvou a RKO da falência. Em 1943, o estúdio deu a Lewton cerca de 400 mil dólares para dirigir Are These Our Children?, sobre deliquência juvenil. É deste período o famoso slogan: "Viva rápido, morra jovem e deixe um cadáver bonito", introduzido em Knock on Any Door.

 

A primeira companhia a crescer fazendo apenas B-movies foi a Hallmark, fundada em 1945 por Kroger Babb. A Hallmark estreou com Mom and Dad, descrito como "o único filme educativo de higiene sexual do mundo". Tão longe quanto os filmes ruins podem ir, os schlock - denominação escatológica dos anos 50 - construíram uma reputação invejável. Aqueles foram os anos de She-Demons (58), dançarinas metamorfozeadas por nazistas em monstros que se vestiam com biquinis de peles; The Astounding She Creature (58), uma loira alienígena que usava salto alto e batom; da lendária protagonista de Attack of the Fifty-foot Woman (57), descrita como um colosso de torso montanhoso, membros de arranha-céu e desejos gigantes!" e o aclamado pior filme de todos os tempos, Plan 9 From Outer Space, dirigido por Ed Wood, o papa da porcaria. Plan 9 From Outer Space

 

Invasion of the Saucer Men O homem por trás da maioria dos defeitos especiais do período era Paul Blaidell. Seu primeiro trabalho foi criar um monstro com 400 dólares para The Beast With a Million Eyes (56), produzido por Roger Corman. Blaidell realizou monstruosidades antológicas, como o marciano definitivo, verde e de olhos esbugalhados, em Invasion of the Saucer-Men, de 1957. Corman com o tempo, se tornou especialista em trashes: era capaz de realizar um filme em poucos dias, aproveitando elenco, restos de películas e cenários de outras produções. Em 1960 criou o clássico A Pequena Loja de Horrores em apenas dois dias. Seu ciclo mais bem sucedido foi dedicado a adaptações de Edgar Allan Poe. A primeira, Solar Maldito, foi uma das produções mais caras da AIP (American International Pictures): 200 mil dólares gastos em duas semanas de filmagem.

 

Em 1966, Corman e a AIP lançam The Wild Angels, um olhar violento sobre a gangue de motoqueiros Hell's Angels, estrelando Peter Fonda e Bruce Dern. Nascia o gênero dos biker films, que chegaria a 20 produções nos próximos anos. Sua antítese eram as produções hippies. O dois mais influentes rolos de 1967, The Trip (onde Corman e o ator Fonda demonstravam os efeitos de uma viagem de LSD) e Riot on Sunset Strip, claro, vieram da AIP. O ciclo deixou registradas as inacreditáveis imagens de Jack Nicholson tocando guitarra num show de rock em Psych-Out (68), e a apelação da produtora Hammer com Drácula no Mundo da Minisaia, de 1972.

 

A década de 60 trouxe muita nudez às telas. Joe Sarno chegou a rodar mais de 200 filmes de sexploitation (sex + exploitation) desde então, mas nenhum par de seios tão grande quanto os filmados por Russ Meyer, em clássicos como Pussycat (63, sobre aliens sexologistas interessados na vida sexual do monstro Frankstein). Em 1963, o diretor Herschell Gordon Lewis, mudaria completamente os trashs ao reunir mais pedaços de garotas desmembradas que o público conseguiria contar em Blood Feast. Exibido nos drive-ins, foi o primeiro a exibir cenas de violência totalmente a cores. Lewis também deu vida ao rancor sulista em 2000 Maniacs!, que se tornaria o verdadeiro gótico americano, sobre turistas do norte torturados por moradores de uma cidade fantasma confederada. Blood Feast

 

Texas Chainsaw Massacre Tobe Hooper em 72 realizou o clássico O Massacre da Serra Elétrica, inspirado no canibal necrofílico Ed Gein. Nos anos 50, Gein habitava uma fazenda isolada, espalhando mortos e manufaturando utesílios com pedaços dos corpos de suas vítimas, a maioria viajantes. No ano seguinte, John Waters superaria Meyer e Lewis em sua opção pelo grotesco, o mau gosto e o doentio. Sua estrela favorita, Divine, era um travesti de dezenas de quilos, recentemente falecido. Na cena final de seu imbatível Pink Flamingos a câmera abre num cachorro defeccando e, sem cortes, mostra Divine comendo o dejeto e lambendo os beiços.

 

É tão fácil fazer um filme com pouco dinheiro que a filmografia dos trashs é interminável. Mas nenhum apanhado de horror pode estar completo sem Ray Dennis Steckler, que colocou a expressão "incrivelmente estranho" num títulode filme. The Incredible Strange Creatures Who Stopped Living and Became Mixed-Up Zombies, produzido, dirigido e estrelado por Steckler, foi o primeiro musical sobre monstros e o título mais longo da história do cinema. Devido ao título extenso, o filme também é conhecido por Psycho Meets Bloody Mary. Stecker também realizou outras bombas imcomparáveis como: The Thrill Killers (65), Rat Pfink a Boo Boo (66), Lemon Grove Kids Meet the Monsters (66), entre outros títulos absurdos. Hoje, sobrevive dando autógrafos em convenções de fãs dos filmes de horror. The Incredible Strange Creatures...

 

O Vingador Tóxico Os anos 80, trouxe outras pérolas para o trash. Sam Raimi e o seu A Morte do Demônio (83), John De Bello e o incrível O Ataque dos Tomates Assassinos (80), que gerou três sequências e uma série de desenhos animados para TV, Re-Animator (85) e Do Além (86), ambos de Stuart Gordon, entre outros. Mas o filme que marcou a década foi O Vingador Tóxico, um besteirol sem fim, sobre um nerd que cai num tanque de produtos químicos e se transforma num monstro poderoso. Utilizando o pior elenco já visto nas telas, o filme fez enorme sucesso gerando duas continuações igualmente ruins, e consagrando a Troma, que se tornou um estúdio especializado em confeccionar obras propositamente ruins.

 

Tão longe quanto filmes ruins podem ir, a lixocultura construiu uma reputação invejável. Hoje, ela possue uma numerosa legião de fãs espalhados por todo mundo. O diretor Robert Rodriguez e o roteirista Quentin Tarantino realizaram em 1996, uma espécie de homenagem aos filmes trash: Um Drink no Inferno, com direito a sangue em profusão e cadáveres explodindo. E cada vez mais cresce o número de trashmaníacos. São pessoas que curtem um cinema alternativo, diferente dos padrões estabelecidos pelas produções hollywoodianas.

Veja abaixo o que mais agrada e o que mais irrita os fãs do trash:

 

Os trashmaníacos AMAM filmes:

Os trashmaníacos ODEIAM filmes:

  • de monstros
  • sobre presídios de mulheres
  • sobre gangues de motoqueiros dos anos 70
  • do cinema de horror italiano
  • de artes marciais
  • estrangeiros ambientados no Brasil
  • de imitações de Rambo
  • de Elvis Presley no Havaí
  • sobre experiências mal sucedidas
  • com o título começando por "A ilha dos..."
  • de Roger Corman, Sam Raimi, John Carpenter, David Cronenberg. Lucio Fulci, Lamberto Bava...
  • do leste Europeu
  • alemães e expressionistas
  • musicais
  • sobre minorias
  • de jazz
  • com mais de duas horas de duração          
  • sobre dramas pessoais
  • que ganharam o Oscar de melhor filme
  • Festa de Babette, Asas do Desejo
  • de Ingmar Bergman, Alain Resnais, Fassbinder, Bertolucci, os filmes-cabeça de Kurosawa...


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