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ZUMBIS: O APODRECER DOS MORTOS VIVOS

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Quando George Romero realizou em
1968 o clássico A
Noite dos Mortos-Vivos, jamais esperava que a figura do zumbi fosse virar
mania. O ser cambaleante que nunca morre tornou-se parte da cultura americana e gerou uma
febre de filmes sobre o tema, obrigando o próprio Romero anos mais tarde, a realizar duas
continuações de sua obra. Engraçado é que nunca se explicou a origem de tais
criaturas, que surgem do nada e vão se tornando cada vez mais numerosos a medida que
contaminam outros humanos através de contato sanguíneo (mordidas, arranhões), mas isso
também nunca preocupou os fãs de horror. As leis são claras: destruir o cerébro deles
é a única forma de aniquilá-los. |
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Outro espanhol que se tornou obcecado por mortos-vivos
foi Jorge Grau, bebendo
diretamente na fonte de A Noite, realizando uma série de filmes sobre tema, sempre
com baixo orçamento e atores amadores. Non Su Deve Profanare Ol
Sonno Dei Morti de 1974 foi o primeiro de uma enxurada. Em 1977 Romero volta
ao gênero, com O
Despertar dos Mortos-Vivos, sua primeira continuação. Apelando para mais
violência e escatologia e contando com Savini novamente por trás da maquilagem, o
diretor deu um banho na concorrência e separou o joio do trigo, ou melhor, as tripas do
sangue. |
Novamente surgiu uma legião de imitadores, desta vez na
Itália, com Lulci Fulci
e o seu Gli Ultimi
Zombie (78) inaugurando uma nova safra de filmes de zumbis. Os italianos
conseguiam ser pior que Romero quando o assunto era sangue e violência: os mortos-vivos
made in Italy eram verdadeiros carniceiros. O filme de Fulci fez tanto sucesso que o
"obrigou" a lançar outro: La Paura
Nella Cita dei Morti Viventi em 1980, baseado em conto de H. P.
Lovercraft e L'Aldila
(80) que foi proibido em vários paises europeus graças ao seu espetáculo de sangue e
horror. Mais tarde viriam Quella
Villa... e El
Gato Negro, capturando a atmosfera dos livros de Lovercraft e adaptando ao
tema. Foi a consagração de Fulci como diretor especializado em splatter movies. |
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A chegada dos anos 80, trouxe não só clones de Romero,
como também imitadores dos imitadores: Regina dei Canniballi de
Marino Girolami,
parece uma refilmagem de Gli Ultimi Zombie. O filme mostra uma série de
brutalidades que acabou por definir o gênero de uma vez: "filmes de
canibalismo" era mais apropriado que "filmes de horror sobre mortos-vivos".
A massificação gerou Le Noche
Erotiche Dei Morti Viventi, explorando o erotismo softcore dentro dos filmes
de zumbis, uma apelação deslavada, última tentativa de chamar à atenção para um hit
desgastado. Em 1983 Romero é obrigado a outra vez mostrar como se faz filme de morto-vivo
e o seu O Dia dos Mortos
torna-se também um clássico. O americano Dan O'Bannon resolve
homenagear o mestre e faz O Retorno dos
Mortos-Vivos (85), uma comédia de horror que fez tanto sucesso que gerou duas
continuações igualmente hilárias. |
Os anos 90 frearam a produção de seres cadavéricos,
mais preocupada com monstros alienigenas e serial killers. No entanto, na Austrália, o
diretor Peter Jackson,
mirabolava idéias e o seu Fome
Animal de 1992 pode ser considerado um dos melhores filmes de zumbis de todos
os tempos. Jackson já havia se aventurado no gênero do fantástico com o seu
Bad Taste, adquirindo elogios
da crítica especializada. Misturando comédia com horror e ficção científica,
acrescentado de um ritmo alucinante com escatologia regimentada por bons efeitos
especiais, a obra concedeu ao diretor o prêmio de melhor filme no Festival de Avoriaz. Se
for assistir, lembre-se de colocar um carpete embaixo da TV. |
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Chris & Lui
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