The Crow

"Pessoas acreditavam que quando alguém morria um corvo carregava a alma para a terra dos  mortos. E às vezes, só as vezes o corvo pode trazer a alma de volta para consertar as coisas, o direito de coisas."

 

Zombie
         ZUMBIS: O APODRECER DOS MORTOS VIVOS

A Noite dos Mortos-Vivos Quando George Romero realizou em 1968 o clássico A Noite dos Mortos-Vivos, jamais esperava que a figura do zumbi fosse virar mania. O ser cambaleante que nunca morre tornou-se parte da cultura americana e gerou uma febre de filmes sobre o tema, obrigando o próprio Romero anos mais tarde, a realizar duas continuações de sua obra. Engraçado é que nunca se explicou a origem de tais criaturas, que surgem do nada e vão se tornando cada vez mais numerosos a medida que contaminam outros humanos através de contato sanguíneo (mordidas, arranhões), mas isso também nunca preocupou os fãs de horror. As leis são claras: destruir o cerébro deles é a única forma de aniquilá-los.

 

A Noite dos Mortos-Vivos fez muito sucesso na Espanha, o berço de muitos diretores de horror nos anos 60, e rapidamente começaram a surgir imitações e variações do gênero. Antonio Margheriti foi o primeiro com Une Vierge Chez Morts Vivants em 1971, abrindo caminho para A Rebelião dos Mortos de Leon Klimovsky e A Orgia dos Mortos-Vivos de Jose Luiz Merino, mostrando detalhes escatológicos ainda piores que os do filme de Romero. Não satisfeitos com as criaturas desengonçadas, começaram a surgir mutantes, misturas de zumbies + vampiros + alienigenas + experiências científicas. A mais notória é a série de Amando Ossorio com La Noche del Terror Ciego (71), El Retorno Del Terror Ciego (73), El Buque Maldito (74) e La Noche de Las Gaivotas (75). La Noche das Gaivotas

 

Dawn of The Dead Outro espanhol que se tornou obcecado por mortos-vivos foi Jorge Grau, bebendo diretamente na fonte de A Noite, realizando uma série de filmes sobre tema, sempre com baixo orçamento e atores amadores. Non Su Deve Profanare Ol Sonno Dei Morti de 1974 foi o primeiro de uma enxurada. Em 1977 Romero volta ao gênero, com O Despertar dos Mortos-Vivos, sua primeira continuação. Apelando para mais violência e escatologia e contando com Savini novamente por trás da maquilagem, o diretor deu um banho na concorrência e separou o joio do trigo, ou melhor, as tripas do sangue.

 

Novamente surgiu uma legião de imitadores, desta vez na Itália, com Lulci Fulci e o seu Gli Ultimi Zombie (78) inaugurando uma nova safra de filmes de zumbis. Os italianos conseguiam ser pior que Romero quando o assunto era sangue e violência: os mortos-vivos made in Italy eram verdadeiros carniceiros. O filme de Fulci fez tanto sucesso que o "obrigou" a lançar outro: La Paura Nella Cita dei Morti Viventi em 1980, baseado em conto de H. P. Lovercraft e L'Aldila (80) que foi proibido em vários paises europeus graças ao seu espetáculo de sangue e horror. Mais tarde viriam Quella Villa... e El Gato Negro, capturando a atmosfera dos livros de Lovercraft e adaptando ao tema. Foi a consagração de Fulci como diretor especializado em splatter movies. L'Aldila

 

Day of The Dead A chegada dos anos 80, trouxe não só clones de Romero, como também imitadores dos imitadores: Regina dei Canniballi de Marino Girolami, parece uma refilmagem de Gli Ultimi Zombie. O filme mostra uma série de brutalidades que acabou por definir o gênero de uma vez: "filmes de canibalismo" era mais apropriado que "filmes de horror sobre mortos-vivos". A massificação gerou Le Noche Erotiche Dei Morti Viventi, explorando o erotismo softcore dentro dos filmes de zumbis, uma apelação deslavada, última tentativa de chamar à atenção para um hit desgastado. Em 1983 Romero é obrigado a outra vez mostrar como se faz filme de morto-vivo e o seu O Dia dos Mortos torna-se também um clássico. O americano Dan O'Bannon resolve homenagear o mestre e faz O Retorno dos Mortos-Vivos (85), uma comédia de horror que fez tanto sucesso que gerou duas continuações igualmente hilárias.

 

Os anos 90 frearam a produção de seres cadavéricos, mais preocupada com monstros alienigenas e serial killers. No entanto, na Austrália, o diretor Peter Jackson, mirabolava idéias e o seu Fome Animal de 1992 pode ser considerado um dos melhores filmes de zumbis de todos os tempos. Jackson já havia se aventurado no gênero do fantástico com o seu Bad Taste, adquirindo elogios da crítica especializada. Misturando comédia com horror e ficção científica, acrescentado de um ritmo alucinante com escatologia regimentada por bons efeitos especiais, a obra concedeu ao diretor o prêmio de melhor filme no Festival de Avoriaz. Se for assistir, lembre-se de colocar um carpete embaixo da TV. Braindead


Chris & Lui

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